Economia Donut, uma proposta de um novo modelo econômico
E se o Donut for mais que uma rosquinha, mas uma proposta de um novo modelo econômico?
Você já ouviu falar em Economia Donut? Calma, não é sobre confeitaria — embora o nome seja uma referência direta àquele bolinho redondo com um furo no meio. A Economia Donut é uma proposta inovadora da economista inglesa Kate Raworth, que desafia os modelos econômicos tradicionais e coloca as pessoas e o planeta no centro das decisões econômicas.
Kate Raworth
Trabalhou por muitos anos em instituições importantes, como Oxfam e Nações Unidas, sempre inquieta com a ideia de que os modelos econômicos dominantes ignoram fatores essenciais como desigualdade social e degradação ambiental. Em 2017, ela publicou o livro “Economia Donut: Uma alternativa ao crescimento a qualquer custo”, onde apresenta seu modelo revolucionário.
A ideia é simples e visual: imagine um donut. O círculo interno representa a base social – tudo que precisamos para garantir uma vida digna e bem estar social, como saúde, educação, alimentação e moradia. Ninguém deveria ficar dentro desse círculo, sem acesso a esses direitos básicos.
Por outro lado, o círculo externo simboliza o teto ecológico, os limites que o planeta impõe, como as mudanças climáticas, perda de biodiversidade e poluição. Portanto, não podemos ultrapassar esse teto sem colocar em risco nosso futuro.
A proposta central da Economia Donut é vivermos dentro desse espaço seguro, garantindo dignidade para todos sem extrapolar os limites planetários. Parece desafiador, mas é exatamente isso que torna a proposta tão necessária e inovadora.
Raworth, junto com outros pesquisadores do tema, criou ainda o Doughnut Economics Action Lab (DEAL), um laboratório global que reúne pessoas, cidades, empresas e instituições para experimentar e implementar esse conceito na prática.
A Economia Donut tem sete princípios essenciais:
- Mudar o objetivo de uma economia voltada ao crescimento do PIB para uma economia que visa promover a prosperidade que alcance a todos de forma equilibrada;
- Analisar o quadro geral, abandonando a visão de um mercado autônomo e a substituindo pela visão de uma economia integrada;
- Estimular a natureza humana, migrando da figura neoclássica do homem econômico racional para seres humanos adaptáveis à dimensão social;
- Compreender o funcionamento da sociedade, adotando um pensamento sistêmico que sai de um modelo de equilíbrio mecânico para um modelo complexo e dinâmico;
- Projetar para distribuir, que ignora a ilusão difundida pelo modelo neoclássico que a desigualdade social será equilibrada pelo crescimento econômico. Ao invés disso, propõe uma economia distributiva;
- Criar para regenerar, defendendo uma cultura regenerativa por concepção;
- Ser agnóstico em relação ao crescimento, tendo consciência que na natureza nada cresce para sempre.
No Brasil temos o Donut Brasil
Movimento do qual tenho orgulho de ser co-fundadora junto com um grupo de pessoas que questionam o modelo atual e vem pesquisando e experimentando novas formas de pensar e fazer economia.
Nós estudamos e experimentamos essa nova visão econômica em diferentes setores, incentivando empresas, governos e comunidades a colocarem a economia a serviço das pessoas e do planeta, centrada na vida.
Se você é empresário, publicitário ou tomador de decisão, vale refletir: como o conceito da Economia Donut pode transformar seu jeito de ver e fazer negócios? Convidamos você a construir juntos uma economia mais justa, sustentável e inspiradora!
No próximo artigo vou trazer para vocês como essa proposta vem atuando em relação aos negócios. Caminhos possíveis para negócios que busquem ser regenerativos e disruptivos em relação à lógica atual.
E fiquem à vontade para nos seguir em nossas redes: @donut.brasil no Instagram e Linkedin.