E se o seu cargo acabasse?
O futuro da gestão de projetos na publicidade
Você já pensou que o cargo que ocupa hoje talvez nem exista mais daqui a alguns anos? Que aquela rotina, os rituais e as tarefas que você domina podem simplesmente deixar de ser relevantes?
Essa reflexão tem me acompanhado bastante, principalmente agora, na era da inteligência artificial.
Parece exagero? Segundo o relatório Global Human Capital Trends 2024, da Deloitte,
“O cargo tradicional está morrendo. O trabalho agora é definido por habilidades, não por títulos.”
Gestão de projetos: entre o tradicional e o multiverso
Sim, multiverso. Porque, às vezes, ser GP em agência de publicidade é atuar em realidades paralelas: a do briefing ideal, a da entrega possível e a do cliente que muda tudo no dia da aprovação.
O job description do gestor de projetos vem sendo hackeado por uma realidade frenética: múltiplos canais, formatos, métricas e uma avalanche de novas tecnologias. Trabalhar com squads e times multidisciplinares já era normal. Mas, agora o GP passou a ser um tradutor fluente em siglas, dores e dashboards.
Na agência iD\TBWA, onde atuo desde 2023, a cultura de Disruption® me ensinou algo valioso: acompanhar não basta; é preciso questionar, provocar, desaprender e reaprender sem apego.
Em outras palavras: ser GP é estar em beta constante.
O GP está mudando mudou. E não é pouco.
- De executor de cronograma para estrategista de fluxo: integrar, antecipar, fazer o projeto respirar.
- De entregador de jobs para conector de inteligências: unir dados, pessoas e ferramentas com propósito.
- De especialista em processos para evangelista da cultura: estimular novas práticas e mentalidades.
E agora, com IA, automatizações e dashboards inteligentes, o GP também precisa ser quase um tech lead emocional — alguém que entende de API e de empatia.
As novas tecnologias que já estão na caixa de ferramentas
- IA generativa (ChatGPT, Claude, Gemini): para atas, roteiros e brainstorms com menos sofrimento.
- ClickUp, Notion, Monday: para orquestrar projetos como se fosse uma sinfonia no caos.
- Zapier, Make, n8n: para automatizar o que ninguém mais aguenta fazer manualmente.
- Figma, FigJam: para dar voz ao visual e acelerar aprovações.
- Looker Studio, Power BI: para transformar feeling em evidência de dados.
Como diz o relatório Future of Work, da McKinsey (2024):
“Automação e IA não substituem pessoas. Substituem tarefas. Os profissionais que aprenderem a delegar para as máquinas terão mais espaço para criar.”
Tendências que estão derrubando paredes (inclusive da agência)
- Modelo híbrido e assíncrono: escrever bem importa tanto quanto falar bem.
- Squads auto-organizados: o GP não manda, conecta. Não aprova, influência.
- Fusão de papéis: o “sou só produtor” está em extinção.
- Educação contínua: LinkedIn Learning, e outros formatos viraram o novo MBA.
O que diferencia os GPs do presente dos líderes do futuro?
- Learnability: aprender a aprender, como se fosse o próprio ChatGPT treinando com cada projeto.
- Pensamento sistêmico: entender onde seu projeto toca o negócio (e o ego do cliente).
- Análise de dados: saber que o sucesso não está só no prazo, mas no impacto.
- Comunicação clara: ser o autor daquilo que não será mal interpretado no Slack ou MS Teams.
- Liderança relacional: liderar sem crachá. Inspirar pelo exemplo, não pelo cargo.
A GPTW (Great Place to Work – 2024) apontou que 64% dos profissionais querem líderes mais humanos, não apenas técnicos. Gestão de projetos não é mais sobre planilhas, é sobre gente.
Cultura pop, TED Talks e o dilema de existir
Outro dia, assistindo novamente Everything Everywhere All At Once, me peguei pensando: ser GP é exatamente isso. Saltar entre múltiplas versões de nós mesmos, tentando encontrar sentido no meio do caos de briefs, entregas e KPIs que mudam de lugar como partículas quânticas.
Essa ideia de se reinventar o tempo todo também me lembra o TED Talk clássico do Simon Sinek, o famoso Start with Why. Não sei você, mas já me peguei executando tarefas no piloto automático, só “porque estava no briefing”. Quando, na verdade, a pergunta certa deveria ser:
Por que eu faço o que eu faço? Qual é o meu real impacto nesse processo todo?
E já que estamos falando de inspirações, deixo aqui algumas que têm me provocado nos últimos tempos (sem nenhuma pretensão de virar guru de LinkedIn, prometo):
- Juliana Munaro, que aborda o futuro do trabalho com aquele jeitão direto e pé no chão, bem São Paulo em horário de pico.
- Brené Brown, sempre lembrando que vulnerabilidade também é ferramenta de liderança.
- Satya Nadella, CEO da Microsoft, que costuma dizer que empatia é a habilidade mais estratégica da nova era da tecnologia. Confesso que essa frase mexeu comigo — talvez porque, na prática, todo GP é um pouco terapeuta de squad.
No fim das contas, entre um TED, um briefing e um post-it rabiscado, o que fica é o mesmo convite:
seguir em movimento e manter a cabeça em beta.
O fim do cargo. O começo de quem?
Vi profissionais brilhantes e experientes ficarem irrelevantes por resistirem à mudança — e novos profissionais e inexperientes se tornarem líderes por terem fome de aprender e coragem de errar.
Se um dia te chamarem de “dinossauro digital”, ria.
Os dinossauros não foram extintos por serem grandes — mas por não conseguirem se adaptar rápido o suficiente.
“Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças.”
– Charles Darwin
“A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original.”
– Albert Einstein
E agora, GP?
Você está esperando uma promoção ou já está promovendo a sua nova versão?
Se você é gestor de projetos, produtor ou líder, o convite é:
✅ Atualize seu mapa mental.
✅ Use a IA como copiloto.
✅ Converse com quem está fora da bolha.
✅ Transforme seu crescimento pessoal no projeto mais urgente da sua vida.
E se o seu cargo acabasse…
Você estaria pronto para criar o próximo?
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